
Mulheres Líderes
Gisele Gomes
Gisele Gomes é embaixadora do Programa Rede Global de Mulheres Líderes – GWLN/WOCCU no Brasil
Diversidade, inclusão e equidade
Publicado em: 19/06/2020
“O inferno são os outros”
Sartre
Sartre
A coluna deste mês é um ensaio reflexivo sobre os temas diversidade, inclusão e equidade. Para isso, valho-me também de minhas experiências e incursões por eventos realizados pela Rede Global de Mulheres Líderes nos últimos cinco anos.
No chamado mundo V.U.C.A. (acrônimo que descreve as características do mundo em que vivemos: volátil, incerto/uncertain em inglês, complexo e ambíguo), os temas aparecem de forma transversal. Em 2019, durante a Conferência Mundial das Cooperativas de Crédito, nas Bahamas, Tonita Webb (VP de uma grande cooperativa de crédito americana), apresentou de forma resumida a tríade diversidade/inclusão/equidade e explanou que este trio precisa andar em consonância e que um não pode existir sem o outro.
Em sua explanação, Tonita definiu diversidade como variedade, e que esta multiplicidade está associada à representação demográfica de diferentes grupos em um determinado espaço (escola, sociedade, empresa). A inclusão seria o momento no qual montamos este quebra-cabeças variado e oportunizamos às pessoas a contribuírem e participarem de forma plena. Equidade significa que todos recebem tratamento justo. Há uma transparência para causa e efeito, e todo mundo sabe o que esperar em termos de consequências e recompensas. As pessoas têm acesso igual às oportunidades.
A diversidade também pode ser entendida como o conjunto de características que nos tornam únicos, tais como: características relacionadas a gênero, raça, etnia, orientação sexual, condição física, classe social, identidade de gênero, religião, sotaque, peso, nacionalidade e idade. Mas também diversos backgrounds educacionais e de experiências.
Em termos científicos, a abordagem do tema está ligada diretamente a ideia de cultura. Em geral reconhecemos como culturalmente aceito aquilo que se parece conosco e o que nos é familiar. Simone de Beauvoir, filósofa francesa, cunhou uma categoria denominada “o outro”, explicitada pelo excerto a seguir: “Por exemplo, para os habitantes de certa aldeia, todas as pessoas que não pertencem ao mesmo lugar são os outros; para os cidadãos de um país, as pessoas de outra nacionalidade são consideradas estrangeiras. Os judeus são ´outros´ para o antissemita, os negros para os racistas norte-americanos ...”
De forma geral, pensamos a diversidade pautados nas diferenças, mas o fato é que podemos olhar a diversidade pelo prisma daquilo que nos une. Penso que é importante em um mundo globalizado e complexo pensarmos uma categoria em que o “outro” não existe. O paraíso na Terra depende apenas de nós.