
Mulheres Líderes
Gisele Gomes
Gisele Gomes é embaixadora do Programa Rede Global de Mulheres Líderes – GWLN/WOCCU no Brasil
O perigo da mulher única
Publicado em: 15/10/2021
Chimamanda Adichie nos chama a atenção sobre o perigo de história única porque ela cria estereótipos. A história única não é incorreta, mas é sim incompleta
Temos acompanhado diretrizes e recomendações de boas práticas no que tange a participação de mulheres em Conselhos de Administração. Como mulher, executiva, pesquisadora e consultora na área da Inclusão e Diversidade, certamente vejo essa intencionalidade de mudança como algo extremamente positivo.
Desejo, contudo, convidar todas as pessoas a uma reflexão. A maior parte dos espaços decisórios conta com a presença e participação de um número considerável de homens. De diferentes perfis, com histórico de vida diversos, experiências e visões díspares.
Portanto, ao termos uma mulher ocupando um espaço de poder, a opinião dela não necessariamente representa todas as mulheres. Sempre importante reiterar que os movimentos de liderança feminina têm apontado para a necessidade de não universalizarmos a categoria mulher e termos um olhar mais interseccional e abrangente.
Chimamanda Adichie, a quem cito várias vezes, nos chama a atenção sobre o perigo de história única porque ela cria estereótipos. A história única não é incorreta, mas é sim incompleta. Da mesma forma, muitas mulheres relatam o peso de ser a única mulher em alguns espaços. Todos os olhares estão voltados em direção a ela.
Um erro, uma colocação considerada inadequada pode vir a macular a presença e participação de outras mulheres. Somos mulheres, mas não somos iguais e nem todas enxergamos com as mesmas lentes. E que bom!
Aliado a este ponto de atenção a não homogeneização das mulheres, antevejo a necessidade de reavaliarmos posturas visando a criação de uma cultura mais inclusiva e justa, sem violência simbólica com roupagem de piadas e brincadeiras. Afinal, empoderamento é um conceito coletivo e não individual.
Viver em um mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo) ou BANI (frágil, ansioso, não linear e incompreensível) demanda que deixemos o pensamento binário de lado e saibamos acolher a diversidade. Igualdade de gênero não é sobre separar em caixinhas, é sobre inclusificar. Se diversidade é convidar para festa e inclusão é tirar para dançar (Vernã Myers), que venha o baile!