Olhe para o calendário, está lá!
Publicado em: 21/05/2020
“Cedo ou tarde, na vida, cada um de nós se dá conta
de que a felicidade completa é irrealizável. Poucos,
porém, atentam para a reflexão oposta:
que também é irrealizável a infelicidade completa”
Primo Levi, em “É isto um homem?”
“Está lá!”, diz a dona Elisabeth Dasenbrock olhando para o calendário. Esta tem sido a expressão mais usada por ela nestes tempos de isolamento. Aos 89 anos, esta fugitiva da Segunda Guerra ensina que paciência deve ser regada e cuidada todos os dias. Foi assim que superou as estradas sombrias cruzando as fronteiras da Ucrânia e Polônia, até chegar à Alemanha. Foi assim que superou o frio e a escassez. Foi assim que superou o medo das artilharias pesadas e o pavor do chão tremendo, dia e noite, sob o seus pés. Foi assim que superou a incerteza do amanhecer...
E é assim que tem acalentado o coração de seus nove filhos, 19 netos e sete bisnetos. “Está lá”, diz. “Está lá o Natal. Está lá o Ano Novo. Está lá o seu aniversário, meu filho. Tudo passa. Tudo vai ficar bem!”. Nesta simples frase, quebrando um silêncio de resignação e paz, muita sabedoria. Ao olhar para o futuro, ela volta ao passado e faz uma analogia com a guerra. De fato, não é justo reclamar de três ou quatro meses para quem viveu cinco anos fugindo e mais cinco anos tentando se reconstruir no pós-guerra.
Entra aí o seu modo gentil de olhar o tempo. Vê por outra dimensão. A dimensão da serenidade. Mais que isso. A dimensão de quem olha pela janela e enxerga vida. Igualmente como na guerra, há um inimigo invisível, sim. Mas há possibilidades. Há conforto. Há comida farta. E há um lar. Então, paciência! Na dúvida, olhe para o calendário... está lá!
de que a felicidade completa é irrealizável. Poucos,
porém, atentam para a reflexão oposta:
que também é irrealizável a infelicidade completa”
Primo Levi, em “É isto um homem?”
“Está lá!”, diz a dona Elisabeth Dasenbrock olhando para o calendário. Esta tem sido a expressão mais usada por ela nestes tempos de isolamento. Aos 89 anos, esta fugitiva da Segunda Guerra ensina que paciência deve ser regada e cuidada todos os dias. Foi assim que superou as estradas sombrias cruzando as fronteiras da Ucrânia e Polônia, até chegar à Alemanha. Foi assim que superou o frio e a escassez. Foi assim que superou o medo das artilharias pesadas e o pavor do chão tremendo, dia e noite, sob o seus pés. Foi assim que superou a incerteza do amanhecer...
E é assim que tem acalentado o coração de seus nove filhos, 19 netos e sete bisnetos. “Está lá”, diz. “Está lá o Natal. Está lá o Ano Novo. Está lá o seu aniversário, meu filho. Tudo passa. Tudo vai ficar bem!”. Nesta simples frase, quebrando um silêncio de resignação e paz, muita sabedoria. Ao olhar para o futuro, ela volta ao passado e faz uma analogia com a guerra. De fato, não é justo reclamar de três ou quatro meses para quem viveu cinco anos fugindo e mais cinco anos tentando se reconstruir no pós-guerra.
Entra aí o seu modo gentil de olhar o tempo. Vê por outra dimensão. A dimensão da serenidade. Mais que isso. A dimensão de quem olha pela janela e enxerga vida. Igualmente como na guerra, há um inimigo invisível, sim. Mas há possibilidades. Há conforto. Há comida farta. E há um lar. Então, paciência! Na dúvida, olhe para o calendário... está lá!