
Pensata
Rejane Martins Pires
É jornalista e editora da Revista Aldeia.
Algo está muito errado no trânsito em Cascavel
Publicado em: 14/04/2022
Enquanto o mundo está discutindo mobilidade humana, colocando realmente o ser humano como ponto central dessa evolução, Cascavel está presa a conceitos da mobilidade urbana
30 mortos. 4.056 sinistros. 1.192 vítimas com ferimentos. Esses são os números do trânsito em Cascavel no ano de 2021. Para uma cidade com 330 mil habitantes é um número muito alto. A título de comparação, Ponta Grossa, cidade com 355 mil habitantes, teve 1.697 acidentes com 16 óbitos.
E, pasmem, Curitiba teve 47 mortes no trânsito em 2021 (BPTran). Não é preciso ser “autoridade no assunto” para perceber que algo está errado, muito errado. Modernamente busca-se reduzir a velocidade do tráfego urbano e não aumentá-la como tem acontecido em Cascavel. Alta velocidade esta, em grande parte, proporcionada pelos binários, implantados sem uma prévia estruturação das ruas.
Se de um lado há escassez de técnicos para pensar o trânsito e de gestores com uma visão mais holística, de outro está o motorista mal-educado que insiste em criar suas próprias regras. Enquanto o mundo está discutindo mobilidade humana, colocando realmente o ser humano como ponto central dessa evolução, Cascavel está presa a conceitos da mobilidade urbana, acreditando que a solução está em somente abrir binários e mais binários. Ninguém avisou, porém, que fluidez não é sinônimo de velocidade.
Concordo, organizar o trânsito não é tarefa fácil. Mas poderia ter melhor resultado se envolvessem as pessoas. Na Europa, por exemplo, o problema é abordado de forma bem diferente. Trânsito não é mais uma tarefa exclusiva de engenheiros: envolve o trabalho de equipes de psicólogos, sociólogos e pedagogos.
E fica a dica: não adianta nada entregar panfletinhos e chamar isso de “ação”. Ação efetiva precisa impactar, ter um sentido, trazer o assunto à mesa e não esconder em discursos fantasiosos, decorados e distantes da realidade!