
Pensata
Rejane Martins Pires
É jornalista e editora da Revista Aldeia.
Uma ode ao sagu!
Publicado em: 19/05/2022
“O sagu de vinho é como um caviar doce, cheio de bolinhas púrpuras, monocromático, de sabor intenso, porém delicado, com gosto firme e bem definido”
Rosana Peccini
Rosana Peccini
Quem nunca comeu sagu de vinho em festa de igreja não viveu a expectativa de passar a missa inteira lambendo os beiços pensando na sobremesa. Aquilo sim era sagu! Mal terminava de comer o churrasco de espeto de pau e corria comprar sagu. Servido no copo de plástico, quentinho ainda, era uma delícia. Um verdadeiro manjar!
Feito com vinho de garrafão, o sagu de festa tinha cor, as bolinhas eram firmes, nem muito duras, nem molengas, e a parte líquida bem cremosa, com aroma de cravo e canela. Até hoje não consigo entender como aquelas mulheres, incluindo minha mãe, conseguiam acertar o ponto do sagu.
Gente, é muito difícil! Querendo reviver as memórias de infância e com a “saguzeira” aqui da casa ausente (dona Joana, no caso), resolvi arriscar. Por incrível que pareça nunca tinha feito sagu. E olha que lá em casa tinha sagu pra todo gosto. Sagu de leite e até de laranja. Coisa de louco! Enfim, dei uma busca no Google e já me estressei. Assistir vídeo de receita nem pensar... é muita enrolação.
Parti para os sites “Tudo gostoso”, “Panelinha”, “Cybercook”, “Ana Maria Braga” e outros tantos. Um nó na cabeça. Cada um manda fazer de um jeito. Algumas receitas falam para deixar as bolinhas de molho, outras não. Algumas até induzem você a cometer o crime de usar Tang, uma verdadeira afronta, uma agressão ao sagu.
Bem, para ser democrática, juntei parte de uma receita com outra e fiz o sagu. Não arredei o pé da panela olhando aquelas benditas bolinhas ficarem transparentes ou “quase totalmente macias”. Confesso, não consegui interpretar esta parte da receita e desliguei o fogo.
Parecia perfeito. Quente deu para comer. Frio ficou sem graça, molengo e pálido. Um desastre. Continuo desconfiando das receitas que dizem ser uma sobremesa fácil e prática. Não é não! Tem seus mistérios...