Edição 160
LEITURA
João dos Anjos, viver ou morrer em Suez!
Texto Rejane Martins Pires
Foto(s) Rafa Sturm
Foto(s) Rafa Sturm
Publicado em 14/04/2022
Ao completar 80 anos, o empresário e pecuarista João Marques dos Anjos lança biografia. A obra, editada com o Selo Aldeia, é uma exaltação de amor à vida e ao trabalho
“Cruzar o oceano em busca de uma identidade. Foi isso que João Marques do Anjos fez ao embarcar num navio para integrar as forças de paz da ONU no Canal de Suez, em 1962. Não tinha certeza da volta. Da mesma forma, não tinha nenhuma certeza por aqui. Simplesmente foi”.
É assim que a jornalista Rejane Martins Pires começa a biografia do empresário e pecuarista que, aos 20 anos, deixou Porto União (SC) para tentar a “sorte” no Egito.
O livro “João Marques dos Anjos - viver ou morrer em Suez”, explica a jornalista, é uma narrativa sobretudo sobre o poder da escolha. Ao deixar o sítio dos pais e cruzar o oceano rumo ao desconhecido, João impactou e ainda vai impactar várias gerações. “É a partir desta escolha que o enredo se desenrola”, diz Rejane.
Quando se vive privado de tudo, escreve, chega uma hora em que o desejo de mudar emerge. “Nada pode ser ocultado de si mesmo. Nem mesmo o medo. Ao reconhecer isso, João obedeceu seu coração e seguiu para Suez”.
Lá, enfrentou uma solidão única. Notícias da família só por cartas. Nelas, compartilhava uma felicidade inventada. “Nunca escreveu uma linha para se lamuriar. Omitia o ambiente inóspito e alegrava os pais e irmãos com belíssimos cartões postais. Ao receber notícias de casa, nutria-se de um amor singelo e puro. O suficiente para sobreviver naquele deserto”, observa.
Completou seu tempo. Voltou. Entre tantos aprendizados, um em especial: “Qualquer homem, com o mínimo de coragem e determinação, pode mudar de vida se assim o desejar”. Na pequena pastinha, trouxe mais que os dólares da indenização.
Trouxe um novo João. O João que escolheu Capitão Leônidas Marques para recomeçar sua história no Brasil, casou-se com Ildacy, dedicou sua vida ao trabalho e aos filhos Claudecir, Claudinei, Andrey e Anderson (in memoriam) e hoje vive com a mesma intensidade da juventude, sabendo que a existência é efêmera, assim como o voo dos anjos...