Edição 161
CASA DO JOÃO
Uma casa afetuosa!
Texto Rejane Martins Pires
Foto(s) Kauã Veronese
Foto(s) Kauã Veronese
Publicado em 25/05/2022
Construído em 1969, o imóvel que hoje abriga o restaurante “Casa do João” guarda muitas memórias. No cardápio, pratos com afetividade
“Nossa casa é a beldade”. Foi assim que a professora Ivanise Sant Ana Martini, hoje com 85 anos, descreveu no verso de uma foto a casa em que morou por mais de 30 anos. Construída em 1969 pelo marido Dilson, com a ajuda de um carpinteiro, o imóvel é todo de peroba.
A pintura externa, sempre com cores neutras, escondia um tesouro. Por dentro, a casa era colorida. Seo Dilson pintou cada cômodo de uma cor diferente. “Um verdadeiro mosaico”, diz o filho Emílio Martini, que ao lado da irmã, Denise, cresceu ali, rodeado de muita fantasia.
Vendida em 2005, e há dois anos transformada em restaurante, a casa continua mais “beldade” do que nunca. Agora batizada de “Casa do João”, o charmoso lar dos Martini, cujas paredes ainda guardam memórias afetivas da família, testemunha novas alegrias.
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Sob o comando de João Paulo Hisatugo, a Casa do João não poderia estar em melhor endereço. “É um lugar abençoado e de uma energia muito boa”, diz o empresário, que ao lado dos filhos, Joãozinho e Paula, conseguiu unir, num conceito só, comida e espaço físico.
Sinônimo de “comfort food” na cidade, o restaurante tem outra singularidade. Se há muita nostalgia nas paredes e nos pratos servidos, há muita jovialidade e alegria na equipe. Um equilíbrio perfeito.

REINVENÇÃO
Inaugurada um mês antes da pandemia, a Casa do João já passou por muitas provações. “Tínhamos feito um investimento alto e não podíamos desistir. O jeito foi se adaptar”, diz o empresário.
De cara, a primeira mudança foi no cardápio, inicialmente restrito a um bufê vegetariano. A inclusão das carnes e massas trouxe um “up” para o negócio. “Se continuássemos muito segmentados não iríamos sobreviver”, explica.

A migração para o “à la carte” foi outro avanço. Hoje, é possível encontrar receitas bem familiares como o macarrão ao molho Alfredo, especialidade da namorada Lilian. É claro, todas as receitas são reproduzidas por uma equipe super conectada à filosofia da casa.
Se o ambiente é acolhedor e a comida é boa, o atendimento precisa ser impecável. “Não aceito mau humor”, diz João. “Aqui é o reflexo da minha casa e na minha casa não tem mau humor. Todo mundo tem autorização para faltar, mas se vem trabalhar, venha para sorrir. O cliente sente esta vibe”.
“Não aceito mau humor. Aqui é o reflexo da minha casa e na minha casa não tem mau humor. Todo mundo tem autorização para faltar, mas se vem trabalhar, venha para sorrir”
CASA LOTADA
A plaquinha com o anúncio de “casa lotada” foi outra estratégia bem-sucedida no restaurante. “No início, havia muita fila de espera e aquilo me incomodava. A placa foi uma virada de chave, o melhor marketing que podíamos fazer. Quem está dentro não se sente pressionado e quem passa pela frente já sabe se tem lugar ou não. Não precisa ficar na fila”.
JOÃO, no ritmo de seu coração!
Historiador, jornalista e gastrólogo. João Paulo Hisatugo nasceu em Marília, no estado de São Paulo, mas morou um bom tempo em Santa Isabel do Ivaí, depois Londrina e Curitiba, até chegar ao Oeste do Paraná. Seu primeiro empreendimento foi uma fábrica de flores de papel.
Não durou seis meses. Como precisava de mão de obra, ouviu um anúncio no rádio oferecendo cegos para trabalhar por meio salário mínimo. Ligou na hora para a Associação dos Cegos e falou da vaga. “Desceram dez cegos, como eu ia escolher? Contratei todos, mas o trabalho não rendeu. Eles só conseguiam esticar o arame e passar papel crepom. Quebrei”.
Para não sair totalmente no prejuízo, encheu uma sacola de cabos e vendeu tudo na Rua 25 de Março. Em outra tentativa de empreender, inventou um tubo para servir coquetéis de cachaça na rua. Também não prosperou. Mas tudo era experiência. Para quem tinha ficado preso dos nove aos 17 anos no balcão da farmácia do pai, aventurar-se pelo mundo dos “negócios” significava liberdade.
Por pouco tempo. Logo virou bancário. Trabalhou no Bamerindus e na Caixa. Deixou a gerência da Caixa em Foz do Iguaçu para assumir a Secretaria de Auditoria e Controle Interno do Município. Para quem conhece João, sabe perfeitamente que ele não aguentou muito tempo no serviço público.
No ano 2000, já estava em Cascavel gerenciando o SBT, tornando-se depois somente apresentador do Programa Tempero. “Naquela época eu já pensava em abrir algo, uma portinha. Com o rendimento e a visibilidade da TV caindo, veio a ideia da Casa do João. Empreendi por necessidade”.
Um detalhe nesta história toda está no coração de João, que resolveu dar uma fraquejada bem no início do negócio. Com indicação de colocar 12 stents e pouca expectativa de sair vivo, recorreu à espiritualidade. A fé foi tamanha que bastaram cinco stents para seu coração continuar vibrando pela vida com a mesma intensidade de sempre!
O restaurante fica na Rua Manoel Ribas, 2970 - Centro, Cascavel
Instagram: https://www.instagram.com/casadojoaocascavel/
Número para reservas: https://linktr.ee/casadojoao.cascavel