Edição 163
BIOPARK
Tomme Negro, uma história à parte!
Texto Rejane Martins Pires
Foto(s) Andressa Parizotto Ledur
Foto(s) Andressa Parizotto Ledur
Publicado em 28/07/2022
Foi pelas mãos de Gelir Giombelli, da Linha Tapuí, em Toledo, que o mais novo
lançamento do Projeto de Queijos Finos Biopark ganhou vida
Gelir Maria Giombelli é uma apaixonada por queijos. Paixão esta que se estende à terra. Às origens. À tradição. Cresceu ajudando a mãe, Deonilde, na produção de queijos coloniais e continuou o legado.
Atualmente, ao lado do esposo Altamiro, está vivendo um novo momento com um queijo de inspiração francesa, o Tomme Negro d´Oeste. “O Tomme veio para mim. É um presente que recebi do Biopark”, diz Gelir.
Gelir integra o Projeto de Queijos Finos e iniciou a produção do Tomme Negro há um mês. Até chegar à comercialização foram mais de um ano e meio de desenvolvimento. Antes disso, tem uma longa história e mais de duas décadas dedicadas exclusivamente aos queijos coloniais.
Com o incremento da pasteurização em Toledo, muitas portas se abriram e os queijos da família Giombelli foram parar nas gôndolas do Supermercado Lunitti. “Fomos os primeiros a aderir à pasteurização e isso trouxe mais segurança”, diz. Sempre atenta a novidades, inscreveu-se num curso do Sebrae em parceria com o Biopark.
HORA CERTA DE LEVANTAR A MÃO
Na metade do curso, ficou sabendo que um dos encontros mensais seria na Itália. Brilhou os olhos. Fizeram o comunicado e pediram aos interessados para levantar a mão. Gelir não levantou a mão. Tinha receio de não poder arcar com os custos.
Na outra reunião, falaram novamente. Ela continuou com a mão abaixada. O coração, é claro, palpitando, pois como descendente de italianos, sempre quis conhecer a Itália.
No terceiro encontro com a notícia de que o Sebrae iria subsidiar parte da viagem, finalmente, ergueu rapidamente a mão. “Fomos para Milão, Bergamo e Veneza, onde conhecemos algumas fábricas, e também na Suíça. Fiquei encantada com tudo aquilo, mas ainda não estava convencida sobre os queijos finos”.
Foi aí que a Pâmela Schneider, zootecnista do Biopark, entrou em ação e a convenceu. “A Pâmela me trouxe uma cunha do Tomme. Numa reunião de família eu cortei o queijo e disse: ´este será o meu queijo, quero a opinião de vocês´”.
Por ser um queijo suave e de textura macia, agradou a todos. “Desde que eu experimentei a primeira vez, amei, e não tive dúvidas de que seria ele”, conta Gelir, que após receber a tecnologia, teve acompanhamento técnico do Biopark em três lotes. “Depois me largaram sozinha e estou aqui”, brinca.
Atualmente, as 11 vacas do sítio produzem uma média de 300 a 350 litros/dia. Destes, 200 vão para a produção do colonial e o restante será direcionado para o Tomme Negro, com muito mais valor agregado. Para se ter uma ideia, o colonial é comercializado à revenda a R$ 38 o quilo, e o Tomme a R$ 80.
Silêncio, Gelir na produção!
Aos 56 anos, Gelir tem uma rotina de trabalho que começa às 5 da manhã e termina às 22 horas, de segunda a segunda. Além de ajudar Altamiro na ordenha, ela produz o queijo, faz as entregas, preenche planilhas, cuida do financeiro, enfim, atua em todas as frentes.
“Eu sempre sonhei em fazer um queijo diferente e estou muito feliz. Só fico triste porque ninguém da família irá continuar meu trabalho, manter esta tradição”. Enquanto isso, ela faz o que mais gosta, do jeitinho dela. “Quando estou com os meus queijos, gosto de silêncio. Me concentro muito neles e fico imaginando quem vai comer... então, faço o meu melhor”.
Depois de pronto, é deixar o queijo em paz, maturando.